29 dezembro, 2011

Caligrafia


A velha dor sempre a me espreitar
Envelhece minha alma jovem cansada
Mas não existe pena, não há papel amarelado
Restos de rascunhos de planos mal traçados, ratos

As marcas de noites mal dormidas
Estão impressas na pele
Vide o verso no meu peito
Capricho na caligrafia nas linhas da minha palma
Lá escrevo minha idade (onde se esvai minha vaidade)

Há sobrepeso na minha consciência
Manchando o poente dessas minhas memórias
Na pororoca dos rios da alegria e da tristeza
O passado passado a limpo não exala glórias
Não há medalhas, nem vaias, nem aplausos

Ao redor dos meus olhos: linhas
No corpo castigado pelos lençóis
Tinha o amor  calado em nós
Na espreita do óbito óbvio de nosso olhar

Vejo caminhões de mudança na minha porta
Vejo a volta toda que se dá
Vejo crianças, vejo a cor do sol,
Vejo no olho de minha filha
O reflexo luminoso de meu olhar