A velha dor
sempre a me espreitar
Envelhece
minha alma jovem cansada
Mas não
existe pena, não há papel amarelado
Restos de
rascunhos de planos mal traçados, ratos
As marcas
de noites mal dormidas
Estão impressas
na pele
Vide o
verso no meu peito
Capricho na
caligrafia nas linhas da minha palma
Lá escrevo
minha idade (onde se esvai minha vaidade)
Há
sobrepeso na minha consciência
Manchando o
poente dessas minhas memórias
Na pororoca
dos rios da alegria e da tristeza
O passado
passado a limpo não exala glórias
Não há medalhas,
nem vaias, nem aplausos
Ao redor
dos meus olhos: linhas
No corpo
castigado pelos lençóis
Tinha o amor calado em nós
Na espreita
do óbito óbvio de nosso olhar
Vejo
caminhões de mudança na minha porta
Vejo a
volta toda que se dá
Vejo
crianças, vejo a cor do sol,
Vejo no
olho de minha filha
O reflexo luminoso
de meu olhar