12 abril, 2017

A última valsa da dor




A solidão enlaça a consciência que faz perceber o momento presente
E lá não encontra os erros recorrentes dos ciclos perfeitos da ilusão
És a dor dos miseráveis, dos ardentes de paixão, dos moribundos
Ou as lindas festas à luz do luar onde lhe via passar calada, sorrateira
Onde admiravas pelas frestas o torpor, os sorrisos fartos – a alegria

És a luz que se fez presente na intensidade ensurdeçedora da escuridão
Infinito que se dobrou em partículas sincronizando o seu passo
Onde entrelaço a sua mão com a minha e dançamos uma valsa estranha,
Como um arco e uma flecha esticada no limite exato, como um compasso
Retesado pela sagacidade azeitada nos limites insanos da razão

Em vão, estamos cavando fundo as rasas certezas de tudo o que foi vivido
Uma vivência inexata que se equilibrou nas leis indomáveis da sorte
E quando o dia vem clarear a insanidade, quem sabe o clamor da idade
Ou a vontade de partir do mundo por dever cumprido
Subtraistes uma noite quando chegastes quieta, trazendo o barulho do nada
-->
E deste nada construistes o alicerce majestoso da minha morte